Eis aqui a imagem de quatro ótimos motivos para preservarmos os contos de fadas. Bruno Bettelheim, presenteou o mundo com sua ''A psicanalise dos contos de fadas'',da editora Paz e Terra, um livro onde é efetuada uma verdadeira radiografia das mais contadas histórias infantis. A prova que por mais fantasiosos que os contos sejam, há neles um toque de realidade, que aproxima as crianças dos seus medos mais temidos e os ajuda a solucionar através dessas belas histórias. Analisando mais profundamente os contos, podemos penetrar na imaginação fértil das crianças e faze-las perceber que a discriminação que sofre o pobre cisne, de "O Patinho Feio", nada mais é que nosso moderníssimo Bullying, que existe medo em se crescer, com Peter Pan nos prova e que o Lobo mau pode ter várias representações de medos e angustias.
Já Celso Gutfreind, gaúcho escritor de várias obras infantis, igualmente foi instigado por estes belos contos que atravessam séculos sem perderem sua essência. Celso, escreveu ''O terapeuta e o Lobo'', da Artes e Oficios,neste livro são relatados fatos clínicos incríveis, onde são comprovados os benefícios dos contos no universo infantil. Ele vai além dos limites em sua pesquisa, e mostra que a evolução dos contos é significante, tanto no campo cognitivo como no emocional dos pequeno. Em sua busca por respostas, o escritor cria um grupo onde as crianças não possuem estrutura familiar e outro onde a família é supostamente perfeita. Criando assim um grupo problema e outro controle, e provando que o conto é benéfico não apenas para os que são abalados emocionalmente, mas para todos. Celso se prevalece do Psicodrama, onde deixa a criança livre para expor seu posicionamento sobre o mundo. Um belo trabalho de quem dá ouvidos e atenção aos pequenos.
Por sua vez, o casal Corso, escreveu ''Fadas no Divã'', da Artmed, um livro escrito para todos, leigos, profissionais, pais, mães, professores e a quem o interessar. De uma linguagem extremamente simples de fácil compreensão, Diana e Mário fazem a analise dos contos iniciando com a verdadeira história contada lá no século XVII, quando a infância tinha sido inventada e a criança, ganhava espaço no mundo e na sociedade. Estas versões, diferentes das que são contadas hoje em dia, não continham cortes e nem censuras. Era o que se pode chamar de realidade nua e crua. E desta forma mostram com destreza o objetivo original destas obras que foram modificados aos longos dos séculos. E para mostrar a evolução nas histórias e na humanidade, este brilhante casal nos ofertou por vez '' A psicanálise da Terra do Nunca'' da Penso, onde fazem a analise das histórias modernas como dos monstros nos ninhos em ''O bebê de Rosimary'', ''Precisamos falar sobre Kevin'', ''A profecia''... Das histórias de família em''Perdidos no espaço'', ''Os Waltons''... Sobre a maternidade com ''A noviça rebelde'','' Mary Poppins'' e ''Clarice Lispector''.. Até chegar nos tempos mais contemporâneos com ''Os Incriveis'', ''Simpsons'', ''Família Addans'', entre outros. Cada capitulo deste livro pode ser lido de forma independente, pois são reflexões que se fecham entre si, onde o leitor pode acessar o conteúdo desejado e planejar sua própria viagem ao conhecimento e traçar seu roteiro pessoal e de interesse.
Por muitas vezes vemos o mundo mudar as história e até mesmo cantigas infantis, com isso mudando igualmente a infância. Pais que não contam histórias onde o Lobo se dá bem, mas permitem que seus filhos olhem a novela das nove. Pessoas que censuram quem canta o ''atirei o pau no gato'' e sentam junto aos infantos a fim de assistir o Big brother. Acredito que muita coisa evoluiu, e que deveria ter evoluído, mas a essência de muitas coisas se perdeu na evolução do homem, assim como valores e pudores que antigamente existiam e se conservavam através da cultura, da oralidade e da moralidade dos contos de fadas. Atualmente esta ocorrendo uma inversão de papeis, as Fadas estão virando monstros, os Príncipes Vampiros e com isso mudando os valores e criando novos modelos a serem seguidos.
Por isso recomendo a leitura destes livros, para que não mais percamos o fio da meada e cultivemos nossa cultura, pois ela é nossa maior riqueza.
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